Resenha por Lucas Bravo Rosin, para o Leituras Quase Obrigatórias
Informações do texto |
Autor: Amartya Sen |
Idiomas: Português |
Download: clique aqui |
A palavra desenvolvimento faz parte do nosso cotidiano. A todo tempo, ouvimos falar sobre desenvolvimento: econômico, social, humano, cientifico, sustentável, sustentado, local e uma série de outros complementos; ainda, a palavra pode ser precedida pelo prefixo “Sub”, o que diz muita coisa quando pensamos em termos de politicas públicas. Desta forma, em meio à necessidade de se situar na discussão conceitual sobre as teorias do desenvolvimento, obrigatoriamente deve-se passar pela teoria do desenvolvimento como expansão das capacidades humanas, e consequentemente de liberdade humana, do economista indiano, Amartya Sen.
Laureado com o premio Nobel de economia em 1998, o professor da Universidade de Harvard é uma referência na área. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humana) é uma de suas grandes contribuições para o progresso da humanidade. Ainda que tal indicador seja uma simplificação da rica teoria de Sen, possibilitou que a dimensão humana se tornasse uma variável considerada nos discussões sobre o desenvolvimento. Afinal de contas, de que serve o desenvolvimento econômico se as pessoas não podem se aproveitar dele?
O livro “Desenvolvimento como Liberdade” traz parte significativa das principais ideias do autor. Das perspectivas da liberdade, teorias de justiça, até a importância de um sistema capitalista consciente, da democracia e da condição de agente das mulheres na mudança, o indiano apresenta o que entende como adequado para o avanço da humanidade. Amartya Sen pode ser considerado um economista liberal, entretanto, seu debate conceitual vai de Smith, Mill e Gandhi, passando por Keynes e Marx, passando por Benthan e Rawls até chegar em Aristóteles diversas outras referencias históricas ocidentais e orientais.
A riqueza de casos empíricos que subsidia sua análise é impressionante. O autor usa os mais diversos exemplos, em termos geográficos e cronológicos para discutir a importância da democracia no processo de evolução social, os condicionantes das fomes coletivas, da pobreza extrema; o papel das mulheres na mudança social. Por exemplo, é impressionante ver como o autor consegue deixar claro suas ideias sobre desenvolvimento humano quando compara as mulheres indianas do Estado do Kerala com as estadounidenses afrodescendentes e constata: apesar da renda mais baixa, as indianas tem maior longevidade, melhores índices de saúde e educação. Enfim, por essas e outras razões, o livro merece ser lido integralmente. Se interessou? Ficou curios@? Pois então, a dica está dada!
Para ler: SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. Cia das Letras, 2010.
Para saber mais: O tema Desenvolvimento é abordado no curso ao longo de algumas disciplinas, sendo que em algumas delas são explorados conceitos e obras do autor. Sugere-se a leitura o artigo “Desenvolvimento como expansão das capacidades” como forma de introduzir o leitor à obra.
Vale ressaltar que Sen não desenvolveu esse indicador sozinho. “O lançamento do Relatório de Desenvolvimento Humano, embora contando com equipe numerosa, é considerado fruto de grande esforço e da liderança do economista paquistanês Mahbub ul Haq.” (MACHADO; PAMPLONA, 2008, p.64). Para mais detalhes, ver Machado e Pamplona (2008) “A ONU e o desenvolvimento econômico: uma interpretação das bases teóricas da atuação do PNUD.” (Economia e Sociedade, Campinas, v. 17, n. 1. – Disponpivel em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-06182008000100003&lng=pt)