Resenha
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2014, cerca de 84,36% da população brasileira vive nas cidades e estimativas da ONU (2012) apontam que cerca de 66% da população mundial viverá em regiões urbana até 2030. Por conta desse panorama, não só nacional, mas como mundial, é preciso que as cidades passem por planejamentos e transformações mais inteligentes e de forma mais humanas.
É sabido que há uma grande especulação imobiliária no centro das grandes cidades,- lugares onde se encontram maior rede de serviços públicos, infraestrutura de qualidade e maior oferta de emprego -, faz com que a população mais pobre se desloque para às margens da cidade, que, por sua vez, são lugares muitas vezes mais precários, desprovidos de infraestrutura básica e onde as políticas públicas demoram para ser alcançadas ou ,se não, nem são executadas. Essas regiões, por serem mais distantes do centro e onde a população pobre mais se encontra, faz com q o transporte público seja de alto demanda e que muitas vezes são demorados, lotados, e não são integrados de forma eficiente nas regiões centrais.
É preciso entender que essa deficiência na mobilidade urbana não afeta apenas o bem-estar do indivíduo em si, mas também gera impactos de maneira macro. Na economia, por exemplo, com essas grandes distâncias, há maior chances do cidadão sofrer acidentes, impactando os hospitais públicos e a previdência social. As empresas privadas, da mesma forma, são prejudicadas, pois o desempenho e produtividade de seus funcionários são afetados pelos atrasos ou pelo cansaço (COSTA, 2014, p.74).
Nesse contexto, é difundido o conceito de cidades inteligente, cujos seus principais pressupostos são a sustentabilidade e a participação popular. São cidades onde se implementam sistemas que minimizam a grande densidade demográfica e que utiliza recursos eficientes que abranjam as diversidades das pessoas na cidade. As cidades são consideradas inteligentes quando são identificadas contendo investimentos inteligentes ao longo dos eixos: economia, mobilidade, meio ambiente, recursos humanos e estilos de vida inteligentes.
Segundo Weiss (2014), a Un-habitat (2012) determinou algumas perspectivas sobre as cidades, para que as mesmas sejam consideradas inteligentes e humanas:
a) o desenvolvimento das infraestruturas, que forneça instalações públicas adequadas – ruas e estradas, saneamento básico, energia e tecnologias da informação e comunicação – a fim de melhorar as condições de vida urbana e incrementar a produtividade, mobilidade e conectividade;
b) produtividade, que contribua para o crescimento e desenvolvimento econômico, gerando resultados financeiros positivos, fornecendo postos de trabalho decentes e oportunidades iguais para todos;
c) qualidade de vida, pelo uso adequado dos espaços públicos, a fim de incrementar a coesão da comunidade, sua identidade cívica e que propicie segurança à vida e à prosperidade;
d) equidade e inclusão social, que garanta a distribuição e redistribuição equitativa dos benefícios gerados na cidade, reduza a pobreza e a incidência de favelas, proteja os direitos de minorias e grupos menos favorecidos, fortaleça a igualdade de gêneros e garanta a participação das pessoas nas esferas sociais, políticas e culturais, e;
e) sustentabilidade ambiental, que valorize a proteção dos ambientes urbanos e dos bens naturais, buscando o uso eficiente de energia e água minimizando as pressões sobre o planeta e os recursos naturais, por meio da geração de soluções criativas que visem manter e melhorar a qualidade do ambiente (WEISS, 2014 apud UN-HABITAT, 2012).
O autor salienta que implantar uma cidade inteligente não é apenas a utilização de larga escala de tecnologia, embora esta tenha uma grande importância, mas é entender suas particularidades e implementar soluções que viabilizem a qualidade de vida de seus cidadãos. É levar em conta as principais necessidades da população construindo uma ponte eficiente entre governo-cidadão.
No Brasil, a cidade de Rio de Janeiro foi considerado a cidade mais inteligente do Brasil pela Revista Exame, em 2015:
Um projeto de destaque na cidade é o Centro de Operações (COR), considerado um dos mais modernos centros de operações urbanas do mundo (COSTA, 2014). O COR monitora o Rio de Janeiro através de câmeras, que enviam as imagens em tempo real, favorecendo tomadas de decisão rápidas dos setores responsáveis.
Há também organizações não governamentais que buscam criar projetos para melhorar a mobilidade urbana das cidades brasileiras. Um dos exemplos são serviços de aluguéis de carros elétricos de forma compartilhada, semelhante aos serviços de aluguel de bicicletas. Esses projetos visam incentivar o transporte compartilhado e sem emissão de gás carbônico. Desenvolvedores de aplicativos também buscam solucionar a dificuldades de mobilidade, como o oferecimento de serviços de recarga de cartões de transporte coletivos, no qual o cidadão não precisa mais se deslocar até um ponto físico, o que evita trânsito e aglomerações e economiza o tempo e o dinheiro da população Há ainda aqueles de compartilhamento de carona e de colaboração dos usuários no deslocamento em vias, como sinalizar trânsitos e acidentes.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANDRADE, Josiane Nascimento; GALVÃO, Diogo Cavalcanti. O conceito de smart cities aliado à mobilidade urbana. REVISTA HUM@ NAE, v. 10, n. 1, 2016. Disponível em: <http://humanae.esuda.com.br/index.php/humanae/article/view/478>.Acesso em: 27 de julho de 2020
Texto disponível em: http://humanae.esuda.com.br/index.php/humanae/article/view/478