Em novembro, Henrique Parra Filho, pesquisador vinculado ao Getip, participou do workshop “Inteligência Coletiva para a Democracia” organizado em Madrid, pelo Medialab-Prado, um laboratório de produção, investigação e difusão que explora as formas de experimentação e aprendizagem que surgiram das redes sociais. Vinculado à Prefeitura de Madrid, tem uma linha específica sobre projetos de participação política e selecionou 8 projetos do mundo todo e cerca de 80 pessoas para trabalharem quinze dias em torno deles. (conheça os oito projetos selecionados)
Henrique, que também atua no Instituto Cidade Democrática, foi um dos coautores do projeto “Pushing Together”, que buscou desenvolver um aplicativo que utiliza o software Pol.is e utiliza notificações push para dar poderes extras de comunicação a determinados participantes, de acordo com sua posição de rede, com o objetivo de fortalecer a capacidade de comunicação de minorias e de garantir a diversidade de opinião nos ambientes de discussão digital.
O projeto nasceu da constatação de que as atuais iniciativas de democracia digital pecam pela exclusão (por terem arquiteturas que demandam muitos recursos cognitivos) e por isso elegeu o Pol.is. Além disso, há uma percepção de que os algoritmos de segregação e de audiência das redes sociais polarizam os debates em detrimento da deliberação e das minorias. Um dos criadores do Pol.is, Colin Megill, participou do laboratório e contribuiu com a equipe do projeto.
Um dos destaques foi a participação de Audrey Tang, programadora e ativista digital que se tornou a primeira Ministra Digital transgênero do mundo, em Taiwan e que desde o Movimento Girassol em 2014 vem atuando para promover novas práticas políticas e tecnológicas que usem software livre e apostem na transparência. Este movimento, e agora o governo tem utilizado o Pol.is como ferramenta de deliberação coletiva e consulta pública e Audrey contribuiu com a equipe do Empurrando Juntos durante os dias em que foi mentora do laboratório.
Por fim, vale ressaltar o movimento que vem sendo promovido por cerca de trinta governos e organizações em torno do software livre Consul, inicialmente desenvolvido pela Prefeitura de Madrid. Hoje são diferentes prefeituras e organizações (inclusive da América Latina) em um movimento de construção de uma comunidade de desenvolvimento em torno desta tecnologia de participação política. Certamente um fenômeno que pode trazer insights para investigações sobre soberania tecnológica, capacidades estatais e coprodução de TICs.
Foi uma excelente oportunidade para acompanhar algumas das tendências e inovações neste campo de tecnologias para participação política. Em especial as experiências das confluências espanholas (Consul) e do movimento hacker taiwanês (Pol.is e um conjunto de softwares e práticas) trazem excelentes insights e reflexões para os projetos de pesquisa do GETIP e abre interlocução para a troca de conhecimento e a possível pesquisa destas iniciativas.