Resumo
Esta dissertação buscou contribuir para o debate sobre as políticas urbanas em São Paulo, a partir da lente analítica das capacidades estatais. Os estudos urbanos brasileiros, influenciados pelo marxismo urbano, contribuíram para o entendimento sobre o papel das forças capitalistas sobre a produção das cidades brasileiras. Entretanto, poucos estudos se dedicaram a entender os interesses do Estado na construção do espaço urbano. A ótica das capacidades estatais permite adentrar o aparelho estatal e entender como as políticas, atores e recursos mobilizados pelo Estado refletem seus próprios interesses. As capacidades estatais são reforçadas pela abordagem institucional, sobretudo do Neoinstitucionalismo Histórico, mas também pela perspectiva situacional de Carlos Matus. A metodologia adotada consiste em uma pesquisa qualitativa, baseada no estudo de caso da Secretaria Municipal de Licenciamento (SEL) de São Paulo, com recorte temporal de 2013 e 2016. A escolha por estudar as capacidades mobilizadas pela Prefeitura Municipal de São Paulo, no âmbito da SEL, se deve pela forte relação construída entre atores estatais e não estatais em torno do licenciamento urbano de São Paulo. A pesquisa de campo consistiu em análise documental e em entrevistas qualitativas com atores envolvidos no processo de criação e operacionalização da SEL. A análise dos resultados foi baseada na análise temática dos dados coletados. A perspectiva situacional de Carlos Matus permitiu a análise do caso dentro de um contexto político específico. Por fim, conclui-se que a mobilização de capacidades estatais no âmbito da SEL, refletem a tentativa do governo municipal de São Paulo de ter um maior controle sobre o licenciamento urbano mesmo que essa tentativa não signifique uma mudança no status quo da produção capitalista da cidade.
Palavras-chave:
Capacidades estatais, Licenciamento Urbano, Políticas urbanas, São Paulo.
Autora
Gabriela de Jesus D’Amaral
Orientador
José Carlos Vaz